sábado, 17 de novembro de 2007

Marco Suassuna

Edifício Residencial








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Solicitado por um construtor local, este trabalho procurou atender às necessidades programáticas do empreendimento junto às condições do mercado imobiliário bastante seletivo.

O objetivo era construir um edifício cujo padrão alcançasse uma classe com mais recursos financeiros e dispostos a investir num apartamento de área aproximada a 250m² (conseguiu-se 235,00m² de área útil) e constando apenas um apartamento por andar. O terreno em meio de quadra, situa-se no bairro do Cabo Branco a 200m da orla marítima, medindo 40x30m e sua frente possui orientação leste. Este fator aliado a proximidade com o mar, condicionou a configuração da planta e consequentemente a inserção da edificação no terreno. As áreas social e íntima estão voltadas para o nascente com vista espetacular do mar e todos os apartamentos têm disponível duas vagas na garagem, aliás, o número de vagas (30 unidades) limitou o número de pavimentos a 15 unidades. Um grande vazio iluminado zenitalmente é incorporado ao espaço interno, sendo observado pelos usuários através do elevador social panorâmico.

Resolvidos os aspectos funcionais, as intenções voltaram-se para a linguagem arquitetônica a ser adotada. Observando o cenário urbano e particularmente os edifícios multifamiliares, nota-se um mosaico de formas, cores e texturas típicas de uma cidade com mais de 700.000 mil habitantes, mas poucos edifícios possuem na sua conformação da semântica arquitetural, critérios projetuais. Muitos são levados pelo apelo visual de cores fortes, grafismos desconexos, caixas mórbidas ausentes de criatividade na concepção, seleção e aplicação de materiais. O resultado disto é a agressão direta à paisagem urbana, à prática profissional e, sobretudo aos prováveis moradores do prédio.

Contrária a esta conduta, este estudo tenta resgatar com “dignidade e nobreza de intenção“ (COSTA, Lúcio) o objeto arquitetônico no cenário físico-ambiental, denotando na sua estereometria valores plástico-conceituais essenciais da nossa Cultura. Desta forma, o viés regionalista é visto no revestimento de tijolos cerâmicos, na marquise de madeira na guarita, no uso de pedra calcária trabalhada no talude do pavimento térreo e principalmente nos recursos adotados de conforto ambiental como marquises, varanda sombreada e janelas recuadas que são protegidas do forte sol aqui abaixo da linha do Equador.

A racionalização no processo projetual com linhas retas e volumes prismáticos, são atenuados pela tipologia clássica da base, corpo e coroamento. Esta projetação revela uma vontade formal que venha atuar no contexto citadino de forma original e forte posição crítica frente aos modismos do mercado.

Durante a reflexão do ato criativo, rejeitou-se a certos códigos lingüísticos dogmáticos, primando por outra postura mais livre. Neste sentido, reinterpretaram-se influências nacionais e internacionais com discernimento favorável ao debate disciplinar no espaço e no tempo. Portanto, além da concepção do edifício, o escopo foi formular um manifesto em prol da arquitetura e contra as “leis” herméticas do mercado imobiliário.

Este projeto ganhou menção honrosa do IAB-PB em 2001, na categoria habitação multifamiliar não construído.

Ficha Técnica:

Projeto arquitetônico: Marco Suassuna
Área do terreno: 1200,00m²
Área de construção total: 4100,00m²
Área de construção do apart. tipo: 235,20m²
Ano do Projeto - 2000

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