domingo, 30 de novembro de 2008

Morre Janete Costa

A arquitetura brasileira está órfã
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Muitas homenagens no enterro da arquiteta pernambucana Janete Ferreira da Costa, de 76 anos, no Cemitério Morada da Paz, em Paulista, no Grande Recife, na tarde deste sábado (29). Ela faleceu por volta das 23h30 desta sexta-feira (28), em sua residência, em Olinda. A arquiteta, que sofria há mais de dois anos de um câncer no estômago, deixa o marido e também arquiteto Acácio Gil Borsoi, 84 anos, além de quatro filhos, quatro netos e um bisneto.
De acordo com a família da arquiteta, Janete passou os últimos 42 dias internadas no Hospital Português, na Ilha do Leite, área central do Recife. Na última quarta-feira (26), ela pediu aos médicos para ser tratada em casa, onde foi montada uma Unidade de Terapia Intensiva particular. (1)

Janete Ferreira da Costa nasceu Garanhuns, Estado de Pernambuco, no ano de 1932.Cursou a Faculdade Nacional de Arquitetura - Universidade do Brasil, no Rio de Janeiro e Planejamento de Interiores no Instituto Joaquim Nabuco, Recife - PE, 1979.
Foi responsável por centenas de projetos de arquitetura de interiores e ambientação de residências, prédios públicos, escritórios de empresas e sobretudo hotéis. Realizou projetos executados em todo o Brasil e no exterior. Seu trabalho é reconhecido pela linguagem contemporânea e o profundo conhecimento dos materiais e da sua adequação e coerência com os ambientes criados, a valorização do artesanato brasileiro e a criação de design exclusivo e personalizado para os projetos.
Janete promoveu, na execução destes projetos, artífices em áreas carentes de nosso país, dando assim oportunidade de trabalho a um sem número de famílias que, exercendo seu ofício, aprimoram suas qualidades e sua cultura a partir da orientação dela emanada. (2)

Fontes:

Liamar Primo - O adeus da estrela.

“Agora o braço não é mais o braço erguido num grito de gol. Agora o braço é uma linha, um traço, um rastro espelhado e brilhante. E todas as figuras são assim: desenhos de luz, agrupamentos de pontos de partículas, um quadro de impulsos, um processamento de sinais. (...) e aí­ estou, pelo salão, pelas casas, pelas cidades, parecida comigo. Um rascunho. Um forma nebulosa, feita de luz e sombra. Como uma estrela. Agora eu sou uma estrela.”
(Elis Regina - trecho retirado do disco O Trem Azul.)


A paraíba perde hoje uma das suas mais queridas personalidades. Neste domingo lindo e ensolarado faleceu a arquiteta Liamar Primo. O sepultamento será às 17h no Parque das Acácias.

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Vector Architects

CR Land Guanganmen Green Technology Showroom, Pequim







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Local: Pequim 
Cliente: CR Land 
Arquitetura: Vector Architects
Arquiteto: Design-parceiro: Gong Dong 
Administrador-parceiro: Hongyu Zhang 
Arquiteto responsável: Li Shuo 
Arquiteto: Xiang Ling, Li Chao 
Engenheiro estrutural: Bo Song 
Engenheiro mecânico: Jianjun Lv, Xiaohui Zhong, Kanglong Lian 

Estrutura de aço, painel de grama integrado com sistema de irrigação 

Área Construída: 500m2 
Período do projeto: 02/2008 - 07/2008 
Período da construção : 05/2008 - 08/2008 

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Exposição

Arquitetura de Álvaro Siza na Estação Cabo Branco


O consagrado arquiteto português de prestígio internacional Álvaro Siza Vieira é tema de exposição aberta nesta terça-feira (25) na Estação Cabo Branco – Ciência, Cultura e Artes. O público pode visitar essas instalações até o dia 8 de dezembro, de terça a sexta-feira das 9h às 17h. Aos sábados, domingos e feriados, a exposição abre entre 10h e 18h. A entrada é gratuita. A mostra chegou à Paraíba por intermédio dos cursos de arquitetura da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) e do Centro Universitário de João Pessoa (Unipê). A coordenação da exposição, em João Pessoa, está sob a responsabilidade dos professores: engenheiro civil Estevam Medeiros e arquiteta Amélia Panet. Dedicados à formação de jovens arquitetos, eles acreditaram que João Pessoa não poderia perder a oportunidade de apreciar tão singela arquitetura.A exposição, composta por 24 painéis, foi organizada pelo arquiteto Flávio Nassar, da Universidade Federal do Pará, com material do escritório de Álvaro Siza Vieira, e, no Brasil, recebeu o apoio e divulgação através do escritório de arquitetura Andrade & Raposo e da Associação dos Amigos do Porto, ambos sediados em Recife.

Siza Vieira realizou obras emblemáticas como o Pavilhão de Portugal da Expo 98, a Igreja de Santa Maria (no Marco de Canaveses), o Museu de Arte Contemporânea (na cidade do Porto) e o Museu Iberê Camargo, recentemente inaugurado em Porto Alegre e condecorado com o Leão de Ouro na 8ª Bienal de Arquitetura de Veneza, um dos mais importantes eventos da arquitetura, por sua excepcional qualidade.O arquiteto Álvaro Siza Vieira nasceu em 1933, na cidade de Matosinhos, em Portugal.


Entre 1949 e 1955, estudou na Escola de Arquitetura da Universidade do Porto, onde mais tarde veio a lecionar. No início de sua carreira, colaborou com o arquiteto Fernando Távora e logo se empenhou em um projeto coletivo do período: não ser tradicionalista e não ignorar suas raízes.Desde essa época, o trabalho de Siza não admite rótulos. Um olhar retrospectivo sobre sua produção permite identificar temas, tipologias e formas recorrentes, mas o arquiteto está continuamente buscando o novo – efervescência que pode ser constatada a partir dos muitos esboços e croquis que realiza.
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Onde fica: Estação Cabo Branco (clique aqui e veja no mapa)

Fontes
Matéria: Secom/PMJP
Imagens: www.homesgofast.com

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Liberal de Castro

Banco do Nordeste do Brasil - João Pessoa


Fachada Rua Gama e Melo.
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José Liberal de Castro possui apenas um exemplar de sua arquitetura na cidade de João Pessoa. Formou no Rio de Janeiro, mas logo depois voltou para a sua terra natal, Fortaleza. Lá ajudou a fundar o Curso de Arquitetura na UFC, onde valorizava a formação da consciência de uma arquitetura ligada à cultura dos povos, como também orientava os estudantes a terem uma conduta profissional e ética.
Sempre trabalhava em parceria e para o projeto da Agência do BNB em João Pessoa, trabalhou com Gebrard Ernst e Reginaldo Mendes.

Nesse projeto, procurou possibilitar o acesso do público por mais de uma rua e a separação do prédio em relação à vizinhança. O projeto previa parcial liberação do solo ocupado por jardins, escapando ao partido de dois pavimentos. A planta do térreo era hexagonal para uma maior amplitude dos pátios laterais, já o pavimento superior possuía uma planta quadrada, em balanço sobre o recuo ajardinado do térreo.
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Fachada Rua Cardoso Vieira.
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Detalhe brise.


Ficha técnica
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Arquitetura: Liberal de Castro
Local: João Pessoa - PB
Imagens: Oliveira Júnior

domingo, 9 de novembro de 2008

Sandra Moura

Restaurante Mangai - Brasília
Oliveira Júnior¹

Mangai Brasília - Rural localizada em cima do volume dos banheiros.
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O Mangai foi criado em novembro de 1990 na cidade de João Pessoa, na Paraíba, sob a forma de uma bodega que comercializava apenas produtos do sertão. Com o crescimento do interesse dos clientes pelos gêneros alimentícios, as instalações rústicas, em madeira de carnaúba, telha cerâmica e tijolo maciço, foram sendo ampliadas para abrigar o primeiro protótipo de um restaurante. 
Dotado de uma estrutura arquitetônica impregnada de referências do habitat nordestino, principalmente a casa de fazenda, o Mangai consolidou-se ao longo dos anos como referência da gastronomia nordestina.
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Mangai Brasília - Vista do estacionamento.
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Restaurante Mangai de Natal, RN - Falsas chaminés independentes do edifício.
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Num segundo momento a rede ampliou seu mercado para o Rio Grande do Norte. A obra da cidade de Natal, implantada num terreno de grandes dimensões, possibilitou a arquiteta Sandra Moura uma maior liberdade de criação e especulação formal. O resultado pode ser traduzido num restaurante mais sofisticado, imponente, em duas águas, que, embora substitua os troncos de carnaúba por madeira de lei, repete os mesmos materiais construtivos rústicos como o tijolinho aparente e a telha cerâmica que marcaram a arquitetura original do Mangai, e cuja imagem ficou impregnada no imaginário dos seus clientes.
Este projeto marcado pela horizontalidade recebeu um conjunto de falsas chaminés soltas, posicionados ao longo da fachada frontal, numa clara referência aos antigos engenhos de açucar.
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Mangai Brasília - Vista do estacionamento.
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Mangai Brasília - Vista da caixa do elevador.

Em junho deste ano, o Restaurante Mangai aportou em Brasília levando na bagagem, além das quase três décadas de experiência, alguns novos elementos incorporados à sua arquitetura através das criativas interferências da arquiteta Sandra Moura.
O partido adotado consiste de uma generosa cobertura de telha cerâmica em quatro águas, suportada por um possante conjunto de vigas metálicas em perfil “I”, ancorados em robustos pilares de concreto, o que certamente viabilizou os grandes vãos da modulação adotada. A cumeeira do edifício conforma uma mansarda por onde se dá a exaustão do ar que circula no espaço interno do restaurante.


Mangai Brasília - detalhe da caixa do elevador. .


Mangai Brasília - rampa de acesso.

Contrariamente ao projeto de Natal esta proposta incorpora os “volumes-chaminés” como parte integrante do próprio corpo do edifício, procurando encontrar-lhe um espaço funcional na composição, utilizando-os na modulação estrutural, o que a meu ver reprime a força estética e a expressão deste elemento como referencia vertical e imagético-cultural. Vale ressaltar que esta decisão também já havia sido tomada na reforma do projeto de João Pessoa, ocorrida anteriormente.

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Mangai Brasília.


Vista do terraço de acesso.


Cadeira de madeira e estrutura de ferro.

Cadeira de madeira.

O terraço de acesso é guarnecido, do lado esquerdo, por uma sala de estar ambientada por móveis desenhados em madeira e, do lado direito, por um conjunto de mesas com privilegiada vista para o Lago Paranoá e a Ponte JK. Ao longo do beiral do restaurante foi disposta uma calha metálica, vazada em pontos estratégicos e de onde partem grossas correntes de ferro com o objetivo de conduzir a água até o solo permeável. Detalhe que provoca um certo "ruído" na composição geral do edifício.

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Mangai Brasília - Porta de acesso.


Vista do salão com cortina de bucha vegetal.


Detalhe da cortina vegetal.

Detalhe da luminária de piões.


O espaço interno é bastante amplo, arejado e ricamente decorado com inusitados objetos confeccionados com elementos da cultura popular, tais como as luminárias de piões, a cortina de bucha vegetal, as divisórias de estronca e os lavatórios de pote de barro.

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Lavatórios de potes de barro.


Painel de estronca decorado com cachos de banana.


Canto do Salão do restaurante - Vista da ponte JK no Lago Paranoá.

Volumetricamente falando, a grande vedete do projeto é a criativa caixa de elevador que conecta o espaço do estacionamento ao nível da rampa de acesso do terraço do restaurante. Envolvida por uma pele de chapa de aço, cujas estampas esboçam movimentos orgânicos que nos aproxima dos delicados desenhos do "Art Noveau", tudo isso sem que o design do objeto perca o foco extremamente contemporâneo.

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Caixa do elevador com iluminação noturna - Ponte JK ao fundo.

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Ficha técnica
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Arquitetura: Sandra Moura

Local: Brasília - DF

Imagens: Oliveira Júnior



Nota

1. Oliveira Júnior é arquiteto e professor do curso de arquitetura do Centro Universitário de João Pessoa - Unipê.

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Livro

Planejamento Urbano no Brasil: conceitos, diálogos e práticas

Depois da crise do planejamento urbano dito funcionalista, tanto do ponto de vista da práxis, quanto do ponto de vista conceitual, nenhum modo de intervenção nas cidades conseguiu impor-se hegemonicamente. No Brasil, a proposta de Reforma Urbana, materializada através do Estatuto da Cidade, é uma resposta autêntica a este momento. No cerne dessa proposta, está a tentativa de solução dos problemas habitacionais a partir do combate à especulação imobiliária, através de instrumentos que buscam disponibilizar, no mercado, uma maior oferta de solo urbano, através de uma participação popular efetiva. Também existem algumas ações importantes, nas cidades brasileiras, na linha do chamado planejamento estratégico.

Nos países centrais, o planejamento urbano passa igualmente por um momento de inflexão: após a resolução do déficit habitacional, principalmente na Europa, problemas de integração e a busca de maior participação da população nas questões urbanas se impõem ao debate.

As ZEIS (Zonas Especiais de Interesse Social) no Brasil procuram a integração de parcela da população à cidade formal. No entanto, se não forem pensadas conjuntamente com o resto da cidade, elas podem repetir o efeito negativo dos grandes conjuntos habitacionais franceses e americanos.

Por outro lado, a crença nos modelos e utopias urbanísticas parece ter cedido lugar, em algumas experiências, a um planejamento urbano “do possível”, perdendo-se a visão do planejamento territorial abrangente e de totalidade.

Questões como essas instigaram a reflexão de profissionais de diferentes instituições de pesquisa do Brasil e da França, reunidos no seminário “Planejamento Urbano no Brasil e na Europa: um diálogo ainda possível?” e resultam nesta coletânea.

* O lançamento do livro será no dia 12/11/2008 às 20:30h no Espaço Cultural do Unipê