segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Exposição - 100 anos de Burle Marx

Muito Além dos Jardins

Uma retrospectiva no Rio de Janeiro devolve ao paisagista Roberto Burle Marx sua real dimensão - um artista brilhante, caudaloso e provocativo que, com Oscar Niemeyer e Lucio Costa, formou o trio central do modernismo arquitetônico brasileiro.
Gisele Kato
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Roberto Burle Marx
Foto: Farrell Grehan / Corbis / Latin Stock.
Fonte: bravonine
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Às vezes, é preciso se distanciar de um cenário rotineiro para descobrir nele aspectos que passam despercebidos. Milhares de pessoas andam a pé, todos os dias, pelo calçadão da praia de Copacabana, no Rio de Janeiro, um dos cartões-postais do país. Durante a caminhada, fica difícil deixar de notar como o desenho ondulante das pedras do passeio dialoga perfeitamente com a própria baía e o Pão de Açúcar, ao fundo. (...)
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Burle Marx no atelier.
Foto: Ana Rosa de Oliveira
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Jardim para o alargamento de avenida na Praia de Copacabana, Rio de Janeiro
Foto: Haruyoshi Ono
Fonte:
www.vitruvius.com.br
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A curva da praia combina não apenas com o piso da calçada, mas também com as árvores plantadas na ilha central da avenida Atlântica e com os jardins calculadamente dispostos ao lado dos prédios. Vista assim, do alto, Copacabana parece uma pintura modernista. Não por acaso, foi o primeiro projeto paisagístico a ser exibido numa bienal de arte, a de Veneza, em 1970. O autor da obra: o brasileiro Roberto Burle Marx (1909-1994), que ajudou a desenhar, com plantas, flores e lagos, alguns dos endereços mais divulgados do Brasil, como o Aterro do Flamengo, no Rio de Janeiro, o Parque do Ibirapuera, em São Paulo, e o Conjunto da Pampulha, em Belo Horizonte.Para Burle Marx, o artista, vale a mesma máxima de que a distância — no caso temporal — ajuda a mostrar a real dimensão das coisas.
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Detalhe do Calçadão de Copacabana
Foto: Zeh
Fonte: photobucket.
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Só agora, às vésperas do centenário de seu nascimento, tem-se uma exposição abrangente sobre o legado do paisagista, que se abre, no próximo dia 12, no Paço Imperial, no Rio de Janeiro. Em conjunto, sua produção impressiona. "Roberto Burle Marx, Lucio Costa e Oscar Niemeyer formam a trinca central para que o nosso modernismo tenha adquirido características próprias, que foram além do racional-funcionalismo em voga na época na Europa e defendido por Le Corbusier", diz Lauro Cavalcanti, curador da retrospectiva intitulada A Permanência do Instável.

Residência Julio e Odette Monteiro, Fazenda Marambaia, RJ - Guache, 1948
Foto: Cesar Barreto
Fonte: bravonine
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Além de ter implantado em sua arte as curvas do modernismo brasileiro, Burle Marx é inovador por várias outras razões:­
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• Imprimiu aos jardins um caráter pictórico, como fica claro na foto aérea de Copacabana, ao lado. Trata-se de um pensamento visual que se afina com as criações em tela, pois o paisagista também foi pintor — e dos bons.
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• Incorporou plantas brasileiras às suas criações, uma atitude pioneira na década de 1930.• Descobriu novas espécies, que levam seu nome.
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• Foi um dos precursores da consciência ecológica nos anos 70, quando começou a dar palestras sobre o assunto.• Criou o conceito de "jardim vertical", com arranjos que escalam totens metálicos e esculturas de pedra.
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• Inovou numa forma — o jardim — que havia séculos tinha características estabelecidas: os franceses com sua simetria, os italianos com suas fontes, os ingleses com seus caminhos sinuosos.
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­• Fez do jardim uma "experiência estética", para causar sensações a quem o atravessa, antecipando, de certa forma, o pensamento das instalações contemporâneas.
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Com 80 pinturas em tela, 16 pinturas sobre tecido, 95 guaches sobre papel, cinco esculturas em vidro murano, três tapeçarias, 34 projetos paisagísticos, 26 maquetes e 12 jóias, além de muitas fotos, documentos, objetos pessoais e dois documentários, a mostra no Paço Imperial pretende abarcar um universo extenso, fruto do esforço de um homem que preferia "pecar pelo excesso a parar por covardia".
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Óleo sobre tela

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Disposta em ordem cronológica decrescente, a seleção começa com os cenários feitos para uma adaptação teatral do romance O Retrato de Dorian Gray, de Oscar Wilde, nos anos 90, e chega à década de 1930, com desenhos e guaches. Para cada momento, o curador escolheu exibir ainda um projeto de paisagem significativo no período, o que permite ao público traçar paralelos entre as várias formas de produção do artista. Estão lá painéis com detalhes dos jardins do Ministério da Educação e Saúde Pública, planejados em 1938, o Aterro do Flamengo, de 1961, e o já citado calçadão da avenida Atlântica, construído em 1970 (leia mais sobre os projetos nas legandas ao longo desta reportagem). Não por acaso, três obras situadas no Rio de Janeiro, que deve a Burle Marx grande parte de seus cartões-postais menos óbvios ­— quase todos em que não aparecem o Cristo e o Pão de Açúcar.
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O artista nasceu em São Paulo, mas morou praticamente a vida toda no Rio. Em 1928, sua família decidiu viver um ano na Alemanha, terra do pai, Wilhelm Marx, um homem culto, amante da música erudita e incentivador incansável das escolhas do filho, quaisquer que fossem elas. Antes da viagem, o jovem de 19 anos encontrava-se indeciso sobre a sua vocação profissional. A pintura já era uma paixão forte, mas a música também o encantava. Nos intervalos entre uma atividade e outra, ele ainda corria para o jardim que cultivava em casa havia mais de uma década, só com plantas nativas da encosta da pedra do Leme. O gosto pela mata recebia o apoio da mãe, Cecília Burle, de ascendência francesa, que dizia ver no verde o espírito divino.
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Berlim funcionou para Burle Marx como um mergulho profundo em tudo aquilo de que ele gostava. Foi a muitos concertos e se familiarizou ainda mais com as peças dos compositores românticos Wagner, Schumann e Schubert. Visitou muitos museus e conferiu de perto a revolução cubista protagonizada por Picasso e Braque, isso sem contar as telas iluminadas pelas pinceladas nervosas de Van Gogh. Mas o encontro que viria a se impor como definitivo para sua trajetória artística deu-se de forma bem despretensiosa, disfarçada até.
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No Jardim Botânico da capital alemã, Burle Marx se encantou com as estufas de espécies tropicais — e levou um susto quando leu na placa de identificação da maioria das plantas a sua origem: Brasil. Sim, ele teve de atravessar um oceano para enxergar direito as bromélias e palmeiras que cresciam por aqui aos montes. Voltou ao Rio decidido a estudar pintura, conformado em cantar peças líricas só para os amigos e intrigado com a beleza de uma flora tipicamente brasileira. Na época, ainda não sabia direito o que fazer com aquele encantamento.
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Por Uma Paisagem de Curvas
O endereço da família, na então rua Araújo Gondim, no bairro carioca do Leme, garantiu-lhe aquela dose de sorte de que todo gênio em início de carreira precisa. Seu vizinho era ninguém menos do que Lucio Costa. Em 1932, o já respeitado arquiteto e urbanista riscava para a família Schwartz, em Copacabana, a primeira casa modernista do Rio de Janeiro, em parceria com Gregori Warchavchik, e convidou o amigo Burle Marx para criar seus jardins.
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Costa vinha acompanhando a evolução das composições tropicais que seu colega fazia no quintal e resolveu apostar nele para complementar um projeto que buscava justamente as linhas e formas genuinamente brasileiras. Entusiasmado, Burle Marx contava que tentara aplicar de uma vez tudo aquilo que tinha em mente e o resultado acabou ficando "um peru no pires" — ou seja, informação demais em pouco espaço.
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Depois dessa experiência, no entanto, não parou mais. Em seu jardim de estréia, as plantas distribuíam-se por canteiros redondos, em contraponto ao quadriculado das placas do piso do terraço. Burle Marx esboçava assim o jogo plástico que iria modificar os parâmetros artísticos da época e definir uma nova escola. Curvas, como as que acompanham este texto, impunham-se como uma característica forte, que logo iria dominar os contornos da arquitetura moderna brasileira. (...)
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As curvas que surgiriam depois nas construções de concreto armado de Lucio Costa e Oscar Niemeyer apareceram pela primeira vez nos jardins de Burle Marx", conta o curador Cavalcanti. De fato, os acabamentos arredondados são um aspecto de destaque no universo do artista. Basta pensar, mais uma vez, nas ondas em preto-e-branco da calçada de Copacabana, de imenso poder gráfico. Tem-se lá 4,5 quilômetros de uma espécie de painel gigante, pontua­do por coqueiros. Desenhada em pedra portuguesa, um de seus materiais preferidos por causa justamente da maleabilidade, a padronagem serve de carro-chefe para muitas outras que enfeitam as ruas cariocas.
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Visto de cima, o Rio de Janeiro é todo marcado pelo preto, branco e vermelho fechado das pedras aplicadas, seguindo os traços das pranchetas do mestre.A revolução perpetrada por Burle Marx no paisagismo moderno não se detém no uso recorrente das formas redondas e na utilização de espécies nativas. "Ele transportou para o jardim as idéias inovadoras de sua geração", analisa o curador. E inovou. Muito.
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O arquiteto Haruyoshi Ono, que trabalhou com o artista durante 30 anos e até hoje comanda o escritório dele, o Roberto Burle Marx & Cia. Ltda., no Rio de Janeiro, diz que as paredes cobertas de vegetação são outra invenção do sócio: "Ele tinha um conhecimento múltiplo e estava sempre disposto a ensinar. Misturava plantas com totens metálicos e esculturas de pedras. Explorava os tons de verde, as cores das flores".
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Mosaicos Orgânicos
Admirar os jardins de Burle Marx é perceber seus contrastes, texturas e volumes. Ele abandonou o modelo quase estático europeu, em que predominavam as rosas, azaléias e magnólias, para explorar as possibilidades de montagens mais livres, que em muito se assemelham à própria mata virgem. Planejava suas criações levando em consideração as tonalidades assumidas pelas plantas ao longo de cada estação do ano, em um exercício ao mesmo tempo de controle e submissão às mudanças às vezes imprevisíveis da natureza.
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Em nome de um desafio constante, evitava a todo custo qualquer tipo de fórmula e chegou a inventar um termo para definir seus próprios princípios: chamava de "extravasaria" a sua cartilha particular. "Extravasaria significa sair e procurar outros caminhos, contra a rotina", definia.
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Segundo o crítico francês Jacques Leen­hardt, autor do livro Nos Jardins de Burle Marx, lançado em 1994 pela editora Perspectiva, o paisagista tinha plena consciência de que o impacto de sua obra virtuosa se escorava em dois aspectos fundamentais e simultâneos: o deslocamento do próprio visitante pelo espaço e sua percepção sensorial. "A experiência do jardim é toda ela feita de ritmos. Como experiência física, põe evidentemente em jogo a própria estrutura do corpo: sua verticalidade. O homem na natureza e, por conseguinte, no jardim, é sempre uma vertical móvel que se desloca em relação a uma horizontal fixa", diz na publicação.
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Peça para puro deleite, sedutora por deixar os sentidos em estado de alerta, um jardim conta ainda, como escreveu Leen­hardt, com a dimensão do tempo, alterando-se conforme o crescimento das espécies, podas e replantios. O estudioso fala em um trabalho em "perpétua modificação". Para manter esse nível de renovação, Burle Marx acompanhava sempre botânicos em expedições de pesquisa. Até nesse aspecto, não é absurdo comparar as excursões do paisagista às viagens dos intelectuais modernistas pelas várias regiões do Brasil, em busca de nossas raízes.
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Ao longo da vida, Burle Marx descobriu um gênero e 18 espécies de plantas, todas batizadas com seu nome. Dessas aventuras pelas florestas, formou ainda uma consciência ecológica pioneira. Na década de 1970, ele deu muitas palestras em que alertava para a devastação do meio ambiente, uma postura nada comum no período.
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Terreno como Tela, Planta como Tinta
Sobre o diálogo entre paisagismo e pintura, Burle Marx repetia sempre: "Sei muito bem qual a linguagem dos jardins e qual a linguagem das telas. Não as misturo nunca, mas considero o domínio desses dois campos fundamental para a manutenção da criatividade em um e no outro". Por isso, os críticos e especialistas em sua obra insistem tanto na importância de dominar a produção de Burle Marx por inteiro para melhor entendê-la em cada área: "Há uma conversa muito íntima entre sua pintura e seu paisagismo. Estabelecer paralelos não só é possível como desejável", defende o curador Lauro Cavalcanti.
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De fato, Burle Marx não realizou pouca coisa no campo da pintura. Foi assistente de Candido Portinari no fim dos anos 30, trabalhou com Alberto da Veiga Guignard e chegou a dar aulas para Lygia Clark. Nunca se filiou a uma escola estética, embora tenha flertado com quase todas. O amigo Luiz Áquila, também pintor, que ajudou Cavalcanti a selecionar algumas das obras para exibição, recorda que nada o deixava mais feliz do que ver alguém interessado em suas telas. "Talvez porque tenha sido um lado mais esquecido de sua carreira", analisa.
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Em retratos, naturezas-mortas e paisagens, é, no entanto, impossível deixar de notar o colorido explosivo de uma paleta que remete quase que automaticamente à natureza.O único desgosto de Burle Marx foi não ter conseguido implantar, em seu sítio em Santo Antônio da Bica, cursos de paisagismo e ecologia. Mas o "poeta dos jardins", como Tarsila do Amaral o apelidou depois de uma visita a suas estufas, deixou muitos oásis pelo Brasil, além de em cidades como Washington e Caracas, que falam por si sós.
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Modesto, em um dos documentários que serão apresentados na mostra do Paço Imperial, ele divaga: "De certa maneira, fui poeta da minha própria vida". E, com sua poe­sia, mudou os parâmetros da arte moderna no país.
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Onde e Quando
Roberto Burle Marx 100 Anos/A Permanência do Instável. Paço Imperial (pça. 15 de Novembro, 48, Centro, Rio de Janeiro, RJ, tel. 0++/21/2533-4407). De 12/12 a 22/3/2009. De 3ª a dom., das 12h às 18h. Grátis.
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Fonte: bravonline

quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

Notícia - Burle Marx em Recife

Praça do Derby, é reformada e volta a apresentar seu desenho original
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Fonte: Ruy Loreto
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A Praça do Derby, em Recife, foi reinaugurada na tarde desta terça-feira (23). O local, com jardins projetados na década de 30 pelo arquiteto Burle Marx, estava em reforma desde julho de 2008. A reforma da praça custou R$ 862 mil e teve como principal foco da o resgate dos aspectos originais do espaço.
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Fonte: Alfenim
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Para resgatar os aspectos originais da praça, a requalificação tomou como base seu projeto original, disponibilizado pelo Laboratório de Paisagismo da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).
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Fonte: JC online
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A obra restaurou os equipamentos e obras de arte da praça, seus jardins e arruamentos. A área do playground foi redimensionada e os brinquedos recuperados (escorregos, gangorras, balanços). O escorrego doado pelo artista Abelardo da Hora também recebeu reparos, assim como, as esculturas de deusas gregas. O orquidário, o coreto, a fonte e os lagos foram revitalizados. O local também foi dotado de rampas para garantir o acesso a pessoas com deficiência.


Fonte: Google Hearth
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HISTÓRICO
Construída em 1925, a praça do Derby foi reformada pelo paisagista Burle Marx cerca de dez anos depois, dotando-a de um espelho d'água, orquidário, estátuas, entre outras benefícios. Roberto Burle Marx dirigiu, de 1934 a 1937, o Setor de Parques e Jardins da Diretoria de Arquitetura e Urbanismo do Governo do Estado de Pernambuco, sob a coordenação do arquiteto Luís Nunes.
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Seu primeiro projeto de jardim público foi o da praça de Casa Forte, realizado em 1935. A partir daí, projetou espaços como as praças Euclides da Cunha, Ministro Salgado Filho (localizada em frente ao Aeroporto), Faria Neves, do Entroncamento (Graças), da República (Santo Antônio), do Campo das Princesas, do Largo da Paz, do Derby, Pinto Damaso (Várzea) e o jardim no entorno da capela no Parque da Jaqueira.
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COMENTÁRIO
Burle Marx foi um dos maiores nomes do paisagismo mundial e possui um inestimável acervo de projetos e obras espalhado pelo Brasil. Esta iniciativa do prefeito João Paulo em resgatar esta produção é digna de aplausos.
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Em João Pessoa Burle Marx deixou duas grandes contribuições para o embelezamento paisagístico da cidade. O projeto para a área do Bosque dos Sonhos no Parque cabo Branco foi engolido pelo Estação Ciências. Resta-nos torcer para que os esboços feitos pelo mestre para a área do Parque Solon de Lucena algum dia sejam aproveitados.

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Novo relator do Projeto de lei do CAU é arquiteto

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O deputado federal e arquiteto Luiz Carlos Ghiorzzi Busato (PTB/RS) é o novo relator do Projeto de Lei 4.413/08, que pretende regulamentar o exercício de Arquitetura e Urbanismo e criar o CAU (Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil).
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O arquiteto, que assumiu a nova função em 17 de dezembro, afirmou durante discurso na Câmara dos Deputados que começará a estudar o PL, apesar do recesso de janeiro. O relator já se disponibilizou a receber sugestões de emendas. "Recebi o projeto em mãos há pouco. A primeira etapa será consultar os órgãos correlatos, ouvir os profissionais e analisar reivindicações", afirma.

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Fonte: Piniweb

sábado, 20 de dezembro de 2008

Polêmica - Herzog e De Meuron em São Paulo

Selecionados pela Secretaria Estadual de Cultura de São Paulo, entre um seletíssimo grupo de quatro mega escritórios internacionais de arquitetura, os suíços Jacques Herzog e Pierre de Meuron serão responsáveis pelo projeto do novo teatro de ópera e de dança a ser implantado no centro de São Paulo.
Ficaram de fora do páreo nada mais nada menos que as estrelas Rem Koolhaas (Oma - Office for Metropolitan Architecture), Norman Foster (Foster + Partners) e César Pelli (Pelli Architects).
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A polêmica foi instaurada no momento em que o Governo Estadual valendo-se da lei federal 8.666/93, a mesma que premia Niemeyer com as principais obras institucionais brasileiras, descartou a possibilidade de concurso público de projetos e ignorou os "Pritzkers" brasileiros. Afinal uma obra arquitetônica de 300 milhões de reais rendendo honorários de cerca de 25 milhões não aparece todo dia no mercado nacional.
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A insatisfação entre os arquitetos tupiniquins motivou várias manifestações de desconforto, repúdio e indignação, inclusive do IAB-SP. Em reunião extraordinária, ocorrida no dia 05/11, o instituto decidiu enviar um ofício ao Secretário João Sayad solicitando esclarecimentos sobre a forma de contratação do escritório internacional.

Outra curiosidade encontrada na web é uma "petição online" aberta aos paulistanos e arquitetos brasileiros, assinada´pelos arquitetos Euclides de Oliveira e Pitanga do Amparo, tecendo considerações sobre a contratação "irregular" de Herzog e De Meuron e elecando exemplos semelhantes e mal sucedidos edificados em outras partes do globo. Num episódio ocorrido em 1992 na I Bienal Internacional de Arquitetura de Recife , Pitanga não poupou críticas a obra de outro suíço, Mário Botta, referindo-se publicamente a um dos projetos do arquiteto como um "saco de gatos".
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Em seu portal a revista AU online sugere que no momento só nos resta "esperar pelos primeiros desenhos dos suíços, esperar que a construção não se transforme em CPI, como a Cidade da Música no Rio de Janeiro, de Christian de Portzamparc e que o intercâmbio de arquitetos acrescente positivamente as discussões da profissão em solo brasileiro".
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O fato é que Herzog e De Meuron passam ao largo do tumulto que acontece em terras brasilis e evitam dar entrevistas sobre o assunto. Os arquitetos têm até março para apresentar o projeto do complexo, pois se os prazos forem cumpridos a risca, em julho de 2009 as obras devem ser iniciadas para que o teatro fique pronto até o final de 2010.

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No final das contas vale salientar que a discussão em pauta não é sobre reserva de mercado, o que empobreceria o indispensável intercâmbio cultural. Tratando-se de uma obra que será implantada numa área degradada não há notícias de que o projeto também envolverá um plano de requalificação do espaço urbano. Num mercado global altamente competitivo perde-se mais uma grande oportunidade para revelar jovens talentos e/ou afirmar arquitetos consagrados, alavancando a arquitetura brasileira no cenário internacional. Ah! Sayad. Que saudade do Brazil Buildings.

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Arquitetura Brasil 500 Anos - Volume II

Será lançado nesta quinta-feira, 18 de dezembro, a partir das 16h, no Museu do Estado de Pernambuco (Graças), o livro “Arquitetura Brasil 500 Anos - o espaço integrador”. Realizado pelo Instituto Arquitetura Brasil e pela Universidade Federal de Pernambuco, este livro dá continuidade aos estudos sobre arquitetura brasileira iniciados pelo Arquitetura Brasil 500 Anos - Uma invenção recíproca, lançado em 2002.
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Seu conteúdo está voltado para a produção contemporânea, detendo-se sobre temas que envolvem a arquitetura popular, os anos entre 1960 e 2000, os projetos para as cidades e para o território brasileiro.
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Organizado por Roberto Montezuma, é uma edição de luxo bilíngüe (português-inglês), com tiragem de 3 mil exemplares, 350 páginas e conteúdo escrito por uma equipe de seis autores brasileiros. O livro foi organizado em dois capítulos temáticos e três capítulos cronológicos.
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O primeiro capítulo se intitula Popular, e foi escrito por Maria de Jesus de Britto Leite e Nabil Bonduki. Os autores desenvolveram um trabalho em que a arquitetura é analisada sob dois pontos de vista: aquela feita pelo povo e a feita para o povo. O primeiro ponto de vista, desenvolvido por Maria de Jesus, “registra a arquitetura feita pelos populares para seu próprio uso e mostra um acervo arquitetônico que, edificado não apenas para ser abrigo das múltiplas atividades requeridas pelo homem moderno, também contém expressão no campo da estética”. O segundo ponto de vista, desenvolvido por Nabil, “situa histórica e politicamente as iniciativas e propostas arquitetônicas dos conjuntos habitacionais para a classe trabalhadora”.
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O capítulo seguinte se chama Décadas de 1960 e 1970, e foi escrito por Mauro Neves. O autor apresenta a produção de vinte anos de uma arquitetura que, embora marcada pelos êxitos alcançados pelo modernismo brasileiro, cujo ápice pode ser estabelecido em Brasília, revela as inquietações próprias de duas décadas tão complexas. Foi a produção desse período que acabou por apontar caminhos alternativos para além do modernismo, cujos resultados testemunhamos num passado recente e procuramos compreender até hoje.
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Década de 1980, escrito por Marcelo Suzuki, é um capítulo que afirma a posição pessoal do autor de não caracterizar o período pelas obras que, para outros, foram importantes no processo de revisão do modernismo. Suzuki identifica uma “dispersão” nos anos 1980 que resultou na “desarticulação” no início dos anos 1990.
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Década de 1990, escrito por Roberto Montezuma, faz uma interpretação da produção arquitetônica baseando sua análise na qualidade espacial das obras. Superando a distinção entre espaços interiores e exteriores, relacionando o microespaço da unidade residencial ao macroespaço da cidade e do território, Montezuma abre a discussão que será desenvolvida no capítulo Desenhando o Futuro, escrito por Pedro Sales, que discorre sobre os projetos para as cidades e o território brasileiro. Sales mostra as linhas de pesquisa e atuação arquitetônica e urbanística que se apresentam como vetores de mudança positiva, ou seja, que apontam, de forma coerente e inovadora, para o porvir.
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O livro ainda apresenta um Posfácio, de autoria de Francisco Carneiro da Cunha e uma Cronologia dos anos 1960-200, organizada por José Claudio Cruz e Silva. A edição traz mais de duas centenas de desenhos e fotos de obras de arquitetura brasileira contemporânea. Entre os fotógrafos estão Nelson Kon, Cristiano Mascoro, Leonardo Finotti, Fred Jordão, Araquém Alcântara, Pio Figueiroa e Ed Viggiani.
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A edição tem patrocínios do Governo Federal (CEF), Governo do Estado de Pernambuco (Fundarpe), Chesf , Fade/UFPE, Sistema Confea/CREA e Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP ).

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Niemeyer

101 anos de atividade
Fonte: www.farm3.static.flickr.com/2044/2280189016_d36053dd48_o.jpg
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Aos 101 anos completados nesta segunda-feira, 15, Niemeyer é apontado pelo jornal El País como o arquiteto mais velho do mundo em atividade. A matéria destaca a vida produtiva do arquiteto e apresenta detalhes sobre a construção de um novo centro cultural na Espanha, assinado por Niemeyer.
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O Centro Cultural Internacional Niemeyer de Avilés, orçado em 30,5 milhões de euros (aproximadamente R$ 80 milhões), será o maior complexo cultural da Espanha, ocupando um terreno de 222 mil metros quadrados.
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O equipamento abrigará auditório para mil espectadores, espaço de 4.000 m2 para exposições, salas de cinema, teatro e local para reuniões e conferências, tudo assentado sobre uma praça aberta em um local degradado da cidade. A idéia do centro cultural foi dada pelo próprio Niemeyer. O arquiteto doou um projeto à Fundação Príncipe de Astúrias.
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Apesar da inquestionável genialidade, em seus últimos projetos percebe-se claramemte a sucessiva repetição de elementos de outras obras consagradas do mestre, o que denota certa fragilidade criativa em perpetuar o traço singular e inovador que lhe conferiu notoriedade internacional.

Fonte: www.vitruvius.com.br
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Fonte: www.correiogourmand.com.br/images/cg_on_38_480y.jpg
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Fonte: www.dimagen.com/imagenes/logoniemeyer4.jpg
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Fontes da matéria:
www1.folha.uol.com.br
http://www.bbc.co.uk/portuguese

Lançamento

Retratos de João Pessoa

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No dia 23 de dezembro, terça-feira da próxima semana, será lançado às 20h, no Zarinha Centro de Cultura o álbum "Verde que te quero ver". Um registro fotográfico de João Pessoa a partir do olhar sensível e peculiar do intelectual Reginaldo Marinho¹
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A coletânea de imagens retrata uma cidade que ainda conserva uma paisagem bucólica, com resquícios significativos de uma natureza exuberante, traços de uma arquitetura de tradição histórica em contraste com o crescente processo de urbanização, verticalização e adensamento populacional.
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Recheado com textos que nos remetem a momentos históricos da cidade, "Verde que te quer ver" é uma declaração de amor à João Pessoa feita por um dos últimos utopistas do nosso Estado. Se por um lado o álbum nos aguça a percepção sobre o nosso inestimável patrimônio natural e construído, por outro nos instiga a refletir sobre sua preservação através de um desenvolvimento urbano responsável e sustentável.
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Nota
1. Reginaldo Marinho é Pesquisador premiado com medalhas de ouro em exposições tecnológicas com projetos na área de Engenharia Civil. Prêmios conferidos em Genebra e Londres. Membro da Associação Brasileira de Jornalismo Científico e colunista do portal WSCOM.

Outras referências
  

sábado, 13 de dezembro de 2008

Agustin Mateos Duch

Centre Abraham - Barcelona
Olimar Marinho Filho ¹

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Descer na estação de metrô Ciutadella/vila olímpica da linha amarela ou na mesma estação se voce preferir vir de tranvia. Seguir 5 minutos a pé pela avenida Icária (essa região é a Vila Olimpica construida para hospedar os atletas nas olímpiadas de 1992)
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Realmente esse é um templo que foge do padrão igreja, talvez exatamente por não ter uma religião "dona" o arquiteto não se viu obrigado a seguir um programa tradicional de edificação católica, muçulmana ou qualquer outra.
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Nada é simétrico ou segue doutrinas construtivas religiosas. Os simbolos presentes são o campanário e a cruz não convencional, em uma das fachadas.
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Esse é um centro ecumênico que foi construído junto à vila olimpica para as olimpíadas de 1992.
Agustín conseguiu unir distintos elementos geométricos de forma muito harmoniosa, ademais deu uma "respirada" entre os blocos criando um corredor aberto à circulação pública junto à curva que divide a área administrativa da área de culto.
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Outra característica que chama à atenção é a maneira como a luz entra indiretamente nos ambientes internos. O simples posicionamento de alguns planos de parede meio metro à frente das aberturas proporciona uma suave entrada de luz e ao mesmo tempo a privacidade necessária para um ambiente de oração.
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Esse arquiteto catalão também fez uma importante reabilitação de uma antiga fábrica no porto de Barcelona, onde hoje funciona o Museu nacional da Catalunya, um dos maiores daqui
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Fonte: maps.live.com
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Fonte: www.mateosarquitecto.com
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Nota
1 Olimar Marinho Filho é arquiteto formado em Belo Horizonte-MG, Brasil, e atualmente trabalha em Barcelona com restauração e reabilitação centrada principalmente em edificios do final do século XIX e inicio dos XX.
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Arquitetura: Agustin Mateos Duch
Local: Barcelona - Espanha
Endereço: Rua Jaume Vicens i Vives, 10
Período: 1990 - 1992
Imagens: Olimar Marinho Filho
Originalmente publicado em: www.bcnarq.blogspot.com

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Nota



A Câmara Municipal de João Pessoa, concederá neste dia 11 de dezembro a Comenda Parahyba de Mérito Cultural à Revista Artestudio, pelo grande trabalho de publicação e divulgação da produção local relacionada à arquitetura, urbanismo, design, arte e estilo de vida.


A solenidade ocorrerá às 14:30h no Plenário Senador Humberto Lucena da própria Câmara Municipal.


Uma justa homenagem pela consolidação de um trabalho tão significativo para a arquitetura paraibana. Seu sucesso é o merecido fruto do empenho de todos que fazem a Artestudio.


Humor

O paradoxo do arquiteto
Uma homenagem ao dia dos arquitetos


quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

IV PROJETAR 2009

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Está se aproximando o período de chamada para um dos maiores eventos brasilerios dedicado ao ensino e à pesquisa sobre arquitetura e urbanismo. O IV PROJETAR 2009 abre suas incrições entre os dias 25 de janeiro e 25 de fevereiro, porém os interessados já podem se cadastrar no site oficial do evento: http://www3.mackenzie.br/ocs/index.php/Projetar2009/FAUM
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O “PROJETAR” nasceu em 2003 como um encontro de profissionais e professores arquitetos & urbanistas com o tema “Projetar: desafios e conquistas da pesquisa e do ensino de projeto”.
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Três encontros nacionais do PROJETAR já foram realizados: em 2003 (PROARQ/UFRN, Natal), em 2005 (PROARQ/UFRJ, Rio de Janeiro com tema “Rebatimentos, práticas e intefaces”) e em 2007 (PROPAR/UFRGS, Porto Alegre com o tema “O Moderno já passado O passado no Moderno: Reciclagem, Requalificação, Rearquitetura”).
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Segundo a coordenadora do evento Ruth verde Zein, a meta para o IV PROJETAR 2009 é seguir colaborando na renovação de caminhos e na consolidação do ensino e pesquisa em arquitetura & urbanismo, tendo com foco o Projeto, ativando a mútua repercussão entre ensino e pesquisa e integrando efetivamente ensino, pesquisa e prática.
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A temática do quarto projetar (2009, FAU/PPGAU/UPM, São Paulo) será o “PROJETO COMO INVESTIGAÇÃO: ENSINO, PESQUISA E PRÁTICA”. O IV PROJETAR 2009 englobará três atividades concomitantes, todas abordando o tema proposto:
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a) seminário com chamada de trabalhos, seleção por comissão científica e apresentação de comunicações nos formatos texto e poster;
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b) debates, mesas redondas e conferências abrangendo um amplo leque de temas dentro do interesse primordial do evento;
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c) ateliê/workshop de projeto aberto à participação de alunos e professores dos cursos de pós-graduação em arquitetura, urbanismo e paisagismo.

domingo, 7 de dezembro de 2008

Notícia

CREA-PB Assina Convenio de Repasse financeiro às entidades de classe
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Em solenidade festiva, o Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia da Paraíba – CREA-PB, com o objetivo de promover o fortalecimento das entidades de classe nele representadas, realizou no último dia 24/11, reunião com todos os presidentes das entidades de classe, na oportunidade foi assinado um convênio que garanti os repasses financeiros determinados pela Resolução nº. 456/01, de 23.03.2001, de 8% do valor líquido das taxas pagas em Anotações de Responsabilidade Técnicas (ARTs) cujo formulário conste a que entidade deverá ser destinado o montante.
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Na reunião, o presidente do CREA-PB, engenheiro Civil Paulo Laércio Vieira enfatizou a importância de que o Conselho tenha representação de entidades fortalecidas, dos importantes passos que foram dados em sua gestão para o fortalecimento das entidades de classe que congregamos, pois esta luta pelo repasse já vem a cerca de Oito anos e para sua felicidade vem a se concretizar em sua gestão. “Temos todo o interesse e nos dispomos a ajudar qualquer entidade que esteja com problema para resolver suas pendências documentais e assim, colaborar para que ela venha a ter, legalmente, direito ao seu repasse”.
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Disse ainda Paulo Laércio que o Convênio tem por objetivo a Promoção em conjunto, CREA/PB e ENTIDADES CONVENIADAS, da Valorização, Divulgação e Fiscalização do Exercício Profissional da Engenharia, da Arquitetura e da Agronomia, em face das Leis nº. 5.194/66 e 6.496/77, principalmente no que concerne ao incentivo e expansão das Anotações de Responsabilidade Técnica (ART).

A arquiteta Cristina Evelise cumprimenta o engenheiro Paulo Laércio.

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A presidente do IAB-PB Arq. Cristine Evelise falou de sua satisfação de naquele momento histórico esta assinando o convenio sonho de todos os presentes e que acabara de se tornar uma realidade, por sua vez o Conselheiro Arq. Antonio Francisco falou que há oito anos trabalhava pra ver esta realização e agora a véspera de acabar seu mandato ele tinha esta satisfação e agradecia ao presidente do CREA-PB Paulo Laércio por ter tornado realidade este desejo e aspiração das entidades.

Estiveram presentes na solenidade além do presidente do CREA-PB que se fez acompanhar de diretores, superintendente e ouvidor do conselho, os presidentes das entidades de classe a baixo beneficiadas.
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Humor

Conflito de gerações


Fonte: Autor desconhecido

sábado, 6 de dezembro de 2008

Marco Suassuna

Edifício de Uso Misto









Planta baixa pavimento térreo

Planta baixa pavimento superior

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Ficha técnica
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Arquitetura: Marco Suassuna
Maquete eletrônica: Alexandre Suassuna
Projeto: 2008