domingo, 24 de maio de 2009

Edson Mahfuz

UM MILHÃO DE CASAS! E A QUALIDADE?
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Recentemente nosso presidente anunciou a construção de um milhão de habitações e acompanhou essa medida com a redução de preço de vários materiais e componentes utilizados na construção civil.Sem dúvida, excelentes medidas.
No entanto, após ler e ouvir muito sobre o assunto, e de vê-lo sendo aproveitado como plataforma eleitoral por uns e outros, fiquei preocupado com dois aspectos do problema.
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O primeiro é a rapidez com que pensam ser possível construir tantas habitações. Projetos de conjuntos habitacionais − que incluem uma série de outros equipamentos além das moradias − não podem ser feitos em menos de seis meses. Some-se a isso alguns meses para a licitação da obra e pelo menos um ano para a construção e temos um prazo mínimo de dois anos, o que não é nada na escala de tempo de uma cidade mas certamente um tempo longo demais do ponto de vista da eleição do sucessor do nosso presidente...
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O segundo problema é que, em nenhum momento, foi mencionada alguma preocupação com a qualidade das novas moradias. Nosso governo parece achar que é suficiente dar um teto para os menos favorecidos e tudo estará resolvido. Se esquecem de que é exatamente aí – onde as unidades são de tamanho mínimo – que se precisa mais qualidade.
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Num projeto de habitação social é fundamental tirar o máximo uso de cada metro quadrado interior, assim como é fundamental projetar espaços abertos de boa qualidade e dotar o conjunto de equipamentos de uso coletivo (escola, quadras esportivas, creche, locais de trabalho, etc).
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A própria Caixa Federal − agência financiadora da maioria das habitações de interesse social −tem realizado desde 2004 concursos com a finalidade de “trazer boas ideias para a área da habitação social”. Isso é um reconhecimento oficial de que o nível de qualidade da habitação de interesse social é muito baixo.
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No entanto, a Caixa premia vários projetos a cada dois anos e não faz nada com eles a não ser depositá-los em alguma gaveta de Brasília.Enquanto no exterior se faz centenas de concursos para habitação de interesse social e se os constrói, no Brasil – onde há uma aguda necessidade de qualidade nesse setor – o órgão responsável se dá ao luxo de realizar concursos que levam a nada.
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Se chegarem mesmo a construir esse milhão de moradias, temo que a qualidade vai ser muito baixa, como de costume. Mais um caso em que se pensa que quantidade é suficiente.
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