sábado, 8 de maio de 2010

No caldeirão da insanidade

O que fazer com o minhocão? (no sentido denotativo)
(Des) Interesses políticos, econômicos, urbanos e sociais.
Textos compilados de diversas fontes (citadas abaixo)
.
.
O prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (DEM), anunciou na manhã do dia 6 um projeto que poderá culminar com a demolição do Elevado Costa e Silva, conhecido como Minhocão.



Para isso ocorrer, a prefeitura terá de estimular a ocupação pelo mercado imobiliário de uma área de 2.146 hectares entre a Lapa e o Brás, "enterrar" 12 km de linhas de trem que ligam as duas regiões e construir uma via expressa entre as zonas leste e oeste para substituir o trânsito que passa hoje pelo Minhocão. Não há previsão para a possível obra, mas o mercado aposta que, se de fato for concretizada, a demolição ocorrerá somente em 2025.



Nesta quinta-feira, a prefeitura divulgou apenas as diretrizes e propostas preliminares. Serão contratadas empresas para o desenvolvimento dos projetos sempre a partir das orientações propostas pelo poder público, com a participação da sociedade civil, segundo o governo municipal. Os termos de referência do projeto ficarão disponíveis durante um mês para consulta pública.



Os passos incluem a proposta do edital, que também será objeto de consulta pública, a licitação e o desenvolvimento dos projetos. A expectativa é de que os projetos estejam concluídos no segundo semestre de 2011. Os mesmos subsidiarão a elaboração das propostas de lei para essas operações urbanas a serem encaminhadas ao Legislativo, ainda de acordo com informações da prefeitura.



Inaugurado em 1971 pelo então prefeito Paulo Maluf, o Minhocão é frequentemente criticado por urbanistas pela degradação que provocou. O barulho dos carros, entre outros problemas, levou à desvalorização imobiliária da avenida São João.



Essa não é a primeira vez que a Prefeitura de São Paulo estuda a possibilidade de demolição do elevado. Outras análises para a demolição também ocorreram nas gestões de José Serra (PSDB) e Marta Suplicy (PT).

.
O Pior de São Paulo 

.

Em outubro de 2009, o jornal O Estado de São Paulo publicou enquete, divulgada no site da AsBEA, perguntando a a opinião dos arquitetos sobre qual a obra que jamais deveria ter sido construída (em São Paulo)? O mais lembrado, por 44% dos que responderam à enquete, foi o Elevado Costa e Silva, o Minhocão. Inaugurado em 1971, é a principal ligação leste-oeste da cidade - em seus 3,4 quilômetros de extensão trafegam 70 mil carros por dia. Sua existência é responsabilizada pela degradação do entorno. De quebra, os moradores dos cerca de 140 prédios vizinhos a ele sofrem com barulho e poluição.



Em 2006, a Prefeitura lançou um concurso de ideias propondo alternativas para o problema do Minhocão. Participaram 46 concorrentes. Venceram - e embolsaram o prêmio de R$ 100 mil - os arquitetos Juliana Corradini e José Alves, do escritório Frentes. Eles sugeriram "encaixotar" a via, criando uma espécie de túnel suspenso para os carros. A parte de cima viraria um parque. "Resolveria o problema acústico e ainda se construiria uma outra área de lazer", defende Juliana. A ideia, entretanto, não foi levada adiante pela administração municipal.



Transporte individual

O arquiteto e urbanista Cândido Malta Filho¹ criticou as soluções propostas pela gestão de Gilberto Kassab (DEM) para revitalizar regiões centrais da capital e derrubar o Minhocão.

arquiteto Cândido Malta
.

“Enterrar o trem de superfície encarece cinco vezes a obra. Vários terminais teriam que ser rebaixados, assim como a estação da Luz. É possível valorizar a região, promover o adensamento em torno das ferrovias, mantendo o trem na superfície, como foi feito em Palo Alto (EUA)”, diz.



“A obra valoriza o transporte individual, não o coletivo. Seria muito mais efetivo aplicar esse dinheiro na ampliação do metrô. O transporte individual possui uma demanda reprimida: quanto mais obras forem feitas, mais aumentam os carros nas ruas”, afirma Malta Filho, que acompanhou o anúncio do projeto.



“A obra vai atrair novos apartamentos, escritórios, serviços, entre outros. Para arcar com os custos e obter fontes de renda, a prefeitura vai ter que promover a capitalização imobiliária. Isso significa a expulsão das camadas de baixa e média renda e a elitização da região”, conclui.
.

Os vencedores do concurso para o minhocão criticam proposta
.
arquitetos José Alves e Juliana Corradini

A dupla de arquitetos Juliana Corradini e José Alves, vencedora de um prêmio promovido em 2006 pela Prefeitura de São Paulo sobre soluções para o elevado Costa e Silva, conhecido como Minhocão, criticou proposta do prefeito Gilberto Kassab (DEM) de demolir a ligação leste-oeste da cidade. Para eles, simplesmente acabar com o Minhocão seria um desperdício"
.
os arquitetos voltaram a defender o projeto vencedor do Prêmio Prestes Maia de Urbanismo: transformar os 3,4 km de extensão do Minhocão num parque elevado, sem prejudicar o fluxo de veículos.







Formados pela FAU-USP (Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo), os jovens arquitetos propõem envolver o elevado numa estrutura metálica com isolamento acústico para diminuir a poluição sonora. Na prática, o Minhocão viraria um túnel elevado.







O projeto ainda prevê paredes transparentes que permitam aos motoristas verem a arquitetura dos prédios históricos em volta do Costa e Silva.

.

Nota
1. Cândido Malta Campos Filho é arquiteto e urbanista, doutor pela Universidade de São Paulo e pós-doutor pela Universidade de Berkeley, na Califórnia, Estados Unidos. É diretor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP. O especialista é um dos principais pesquisadores brasileiros sobre trânsito e mobilidade urbana.
.
Fontes:

Nenhum comentário:

Postar um comentário