terça-feira, 24 de agosto de 2010

Prêmio ABCEM 2010

Arquiteto paraibano no circuito nacional



No iníco desta semana fui comunicado pela Associação Brasileira da Construção Metálica que estou entre os arquitetos selecionados para concorrer ao prêmio ABCEM 2010, na categoria Edificações, com a obra do AUTO SHOPPING CIDADE EMPRESARIAL, cujo projeto estrutural e a construção ficou a cargo da competente Arquitrave Engenharia (GO).

Imagem: Auto Shopping Cidade Empresarial
Render: Acro comunicação em arquitetura

Já estou de passagem marcada para participar da cerimônia de anúncio e entrega dos prêmios aos vencedores que será realizada no dia 31 de agosto de 2010, às 09h00, no Frei Caneca Shopping & Convention Center, sito à Rua Frei Caneca, 569 - São Paulo - SP – BRASIL.

Figurar entre importantes arquitetos brasileiros, que estão produzindo obras de alto nível em estrutura metálica, é fruto de uma extenuante dedicação ao ofício da arquitetura e de um sensível amadurecimento técnico e criativo, assim como um reconhecimento da qualidade da produção arquitetônica paraibana.

Pretendo aproveitar a viagem para rever amigos como o jornalista José Wolf e visitar alguns escritórios locais, como o SPBR de Ângelo Bucci.

domingo, 22 de agosto de 2010

"El cemento feroz"

Fernando Lara debate a arquitetura latinoamericana
Oliveira Júnior¹

Foto: Fernando Lara
Fonte: Oliveira Júnior

No último dia 10, o arquiteto e professor Fernando Lara² esteve em João Pessoa para ministrar um mini curso a convite do PPGAU - Programa de Pós Graduação em Arquitetura e Urbanismo e do CCAU – Coordenação do Curso de Arquitetura e Urbanismo encerrando uma intensa maratona de conferências pelo Brasil iniciada no dia 4, quarta-feira, na PUC-Minas; e que continuou no dia 6, sexta feira, no PROARQ UFRJ; dia 9, segunda feira na UFPE – Recife; e terça na UFPB.
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Sob o título El cemento feroz: arquiteturas contemporâneas na América Latina, Lara inciou sua apresentação tecendo uma crítica ao excludente mapa da historiografia internacional da arquitetura moderna, construído a partir da produção arquitetônica situada entre o leste dos EUA e a Europa, ignorando outras relevantes contribuições ocorridas no resto do mundo.
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Para quem esperava ver uma série de projetos e obras latinoamericanas dissecadas pelo palestrante pode ter se frustrado. Partindo de uma perspectiva muito mais extensa e profunda, Lara escolheu o caminho de debater o contexto socioeconômico, político e cultural em que foram forjadas as manifestações arquitetônicas de cada país da América Latina.
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Fernando Lara provocou a audiência ilustrando como a arquitetura tem se relacionado com a natureza através do concreto ou do cemento feroz gerando imensas áreas impermeabilizadas e provocando uma infinidade de danos urbanos e impactos ambientais, tais como enchentes, inundações e desmoronamentos.
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Nos intervalos entre os debates, geralmente na hora do almoço, Lara fez passeios relâmpagos pela cidade e trafegou entre o rio (centro histórico) e o mar para ter uma sintética noção sobre as origens e a expansão de João Pessoa.

Foto: Thaís, Marcelo Medeiros, OLiveira Júnior, Fernando Lara, Germana Rocha, (?), Marcus Vinicius, Nelci Tinem, Sônia Marques, Lívia Loureiro, Davi de Lima.
Fonte: Fernando Lara
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Em dois dias de curso Fernando Lara compartilhou, com extrema generosidade, a construção da sua trajetória profissional e acadêmica, inclusive algumas das metodologias aplicadas em suas pesquisas.
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Com certeza uma enriquecedora experiência que dará excelentes frutos para todas as partes que se envolveram neste caloroso debate.
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Parabéns aos organizadores.

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Notas

1. Oliveira Júnior é arquiteto graduado pela UFPB, Mestre em Engenharia Urbana pelo PPGEU/UFPB e professor de projeto e urbanismo do curso de arquitetura do Centro Universitário de João Pessoa - Unipê. 

2 Professor Dr. Fernando Luiz Camargos Lara é Professor da University of Texas at Austin onde coordena o Grupo de Pesquisa em Arquitetura Moderna Latinoamericana (LAMA). Doutor pela University of Michigan, lecionou anteriormente nas Universidades de Michigan, UFMG e PUC-Minas. Foi pesquisador Nível 2c CNPq.

Dica Cultural

MIMO - Mostra Internacional de Música em Olinda, Recife e João Pessoa
De 1 a 7 de setembro de 2010 



As Igrejas históricas de Olinda abrem mais uma vez suas portas para concertos dos mais diversos estilos e acolhem os admiradores da música instrumental, do erudito ao popular.



As cidades de Recife e João Pessoa ganham etapas paralelas e ampliam a quantidade de concertos. O elenco 2010 reunirá artistas que circulam nos principais festivais mundiais como Mike Stern (EUA), Hugo Wolf Quartet (Áustria), Selmer#607 (França) e Mário Canonge (Martinica). Do Brasil, mas com grande bagagem internacional participam Jean Louis Steuerman, Fernando Portari e Rosana Lamosa, Leo Gandelman, Isaac Karabtchevsky, Tom Zé, Egberto Gismonti e muitos outros nomes.

Para os que ainda acham pouco mais de 30 concertos em seis dias, é possível encontrar música também na exibição de filmes inéditos e nos conventos que se transformam em salas de aula para alunos vindos de diversas partes do Brasil e exterior.

Fonte: http://www.mimo.art.br
Programação: http://www.mimo.art.br/programacao

Exposição sobre desenho urbano

Habitação de Interesse Social: Alternativas e Desafios futuros
Marco Suassuna¹



Foi realizada durante o evento da aula inaugural do Curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), no último dia 05 de agosto, a exposição Habitação de Interesse Social: Alternativas e Desafios futuros. A produção, coordenação e curadoria da exposição são do IAB-PB com apoio do CREA-PB.


Até o final de agosto a referida exposição estará na biblioteca central da UFCG.



Em breve abrirá oficialmente na sede do IAB-PB no Largo São Frei Pedro Gonçalves, centro antigo de João Pessoa-PB, em solenidade a ser marcada e divulgada. Alguns temas abordados na exposição são: Intervenções Estatais, Estudos Correlatos, Transformação de Favelas em Bairros e Estudos Comparativos.



No momento em que o Governo Federal anuncia o Programa Minha Casa, Minha Vida, pretendendo construir um milhão de moradias no país, há uma preocupação entre os especialistas quanto aos impactos nas cidades a respeito dos inúmeros projetos massificados e impessoais que continuam sendo construídos nos quatro cantos do Brasil. Nesta conjuntura, para enfrentar o déficit habitacional no país de mais de sete milhões de moradias, a questão é: como produzir habitação de interesse social de qualidade, em escala, respeitando critérios de sustentabilidade espacial, econômica, social e ambiental? Esse é o desafio que se apresenta.

Por outro lado, na historiografia da habitação social moderna, nacional e internacional, são inúmeras as boas práticas na temática que podem servir de exemplo para as ações governamentais nas esferas municipal, estadual e federal.

Reabilitação de edifícios ociosos para o uso habitacional em áreas centrais, construções de bairros novos com equipamentos e serviços em áreas de expansão urbana, além de urbanização de favelas integradas com o tecido urbano, com a provisão de infra-estrutura básica e áreas comerciais para geração de renda são ações que fazem parte do rol de intervenções que qualificam o espaço urbano e proporcionam qualidade de vida para os usuários em diversas cidades do Brasil.

Deste modo, confrontar os casos maus sucedidos com as boas práticas parece pertinente e urgente mostrar, podendo, sobretudo, contribuir às tomadas de decisões tanto do poder público quanto da iniciativa privada. Em todos os casos exitosos, a participação popular foi decisiva no aperfeiçoamento das concepções projetuais.

A referida exposição Habitação de Interesse Social: Alternativas e desafios para o futuro, pretende:

• Divulgar experiências bem sucedidas em habitação de interesse social no Brasil e no mundo, confrontando com as intervenções negativas;

• Elucidar as boas práticas do passado que sirvam de exemplo para ações contemporâneas;

• Confrontar as ações pragmáticas e tecnocráticas oficiais com as intervenções do planejamento urbano, ambiental e arquitetônico produzidos na academia e por escritórios renomados de arquitetura e urbanismo;

• Apresentar um estudo de caso local,no município de João Pessoa-PB, com dados comprobatórios e cenários de simulações espaciais, que evidenciam as disparidades entre a realidade construída e o fato projetual propositivo;

• Esclarecer e apresentar tanto para o público leigo quanto para o especializado, alternativas viáveis de ações em habitação de interesse social.


1. Marco Antonio Suassuna Lima é vice-presidente do IAB-PB, arquiteto e urbanista pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo de Pernambuco FAUPE, docente do Centro Universitário de João Pessoa – UNIPÊ, mestre em Desenvolvimento e Meio Ambiente pela Universidade Federal da Paraíba pelo Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente – PRODEMA. Entre 2005 a 2008 foi assessor da secretaria de habitação da prefeitura municipal de João Pessoa-PB.



domingo, 8 de agosto de 2010

A habitação social segundo Aravena

É preciso levar o DNA da classe média para a favela
Mario Cesar de Carvalho




O arquiteto chileno Alejandro Aravena criou uma equação para atacar o que considera o ponto mais frágil dos projetos de arquitetura social: a qualidade da moradia. "É melhor fazer meia casa boa do que uma casa ruim", disse à Folha.

Aravena, 44, dirige o Elemental, grupo que ganhou o Leão de Prata da Bienal de Veneza de 2008 e fará o primeiro projeto no Brasil, em Paraisópolis, favela da na zona sul de São Paulo. As obras dos 120 apartamentos devem começar no próximo mês.

O percentual de autoconstrução caiu de 50% para cerca de 10% por causa de lei brasileira. Se fosse maior do que 50 m2, o apartamento não seria considerado habitação de interesse social e perderia os subsídios, o que inviabilizaria o projeto.

Aravena concilia projetos de moradia social com os de vanguarda. Tem obras nos EUA, na Alemanha e na China, pelas quais é apontado como um dos grandes criadores da arquitetura contemporânea.

Na fábrica da Vitra na Alemanha, a maior concentração de estrelas da arquitetura mundial, ele projetou um centro que ficará ao lado de obras da anglo-iraniana Zaha Hadid e dos suíços Herzog e De Meuron.

Em seu escritório em Santiago, uma torre de vidro de ar corporativo, ele critica o programa "Minha Casa, Minha Vida", do governo Lula, por não se valer da capacidade das famílias de construir por conta própria: "Se essa capacidade informal existe, não seria melhor usá-la?".

Folha - Como um arquiteto de vanguarda descobre que precisava fazer habitação social?

Alejandro Aravena - Foi por um sentido de vergonha própria. Eu estudava na Universidade Harvard, havia sido convidado para dar aulas e estava numa mesa com o ministro chileno de Habitações, um engenheiro e um advogado. Todos começaram a falar de habitação social e eu, o único arquiteto da mesa, Não tinha nada para dizer. Fiquei envergonhado por não poder dizer nada sobre habitação social numa discussão importante.

Harvard te põe em contato com o poder, um tipo de oportunidade que não se pode perder. Havia três ou quatro ganhadores do prêmio Pritzker. Eu não podia falar do estado da arte da arquitetura, porque as pessoas que estavam ali produzem o que eu consumo lendo livros ou revistas. O único assunto que eu poderia ter alguma vantagem em relação a eles estava relacionado com o contexto de escassez. Os prédios que eu projetara tinham a ver com isso. Comparando com outros prédios, nós tirávamos leite das pedras.

Quanto custaram esses prédios?

O edifício da faculdade de arquitetura da Universidade Católica custou US$ 125 o metro quadrado. Isso não é nada para arquitetura contemporânea. No Chile, somos treinados para trabalhar com escassez. Com a escassez, como não se pode fazer tudo, tem de fazer o mais relevante. Ao mesmo tempo, 60% do que se constrói no Chile tem algum tipo de subsídio. Era ridículo que eu não tivesse trabalhado em algo social no Chile. Eu fazia arquitetura para o 1% da população que vive como se estivesse em qualquer lugar do mundo.

Não te interessa trabalhar para a elite?

Fazer um edifício para uma universidade privada é trabalhar para a elite. Mas naquele mercado em que 60% das obras recebem subsídio não havia arquitetos de qualidade porque os valores pagos eram muito baixos. Um dos problemas mais difíceis do Elemental foi como pagar arquitetos de qualidade.

Outra pergunta difícil é como fazer moradia social. Não é só por uma questão humanitária ou porque é socialmente importante. Era um desafio profissional trabalhar onde é mais difícil dar uma resposta certa. É uma pergunta que tem mérito intelectual, como dizia outro chileno que estava em Harvard, Andrés Velasco, que foi ministro das Finanças. Um milímetro que se mova nessa área será multiplicado por mil metros quadrados.

A maioria dos arquitetos deu respostas arquitetônicas a essa pergunta. Por que você entrou no campo econômico?

Isso é muito importante, esse é o ponto. Há variáveis econômicas, sociais, políticas, financeiras, urbanas. A minha resposta é, de certa forma, uma crítica à arquitetura, principalmente a que se desenvolveu na última década. A arquitetura só se ocupa de problemas que interessam a outros arquitetos, que é o uso estratégico da forma. Era um conhecimento específico para problemas específicos.

A sua pergunta tem a ver com o que aconteceu com a arquitetura nos anos 1930 e 1940 e foi uma das questões explícitas do começo do Elemental. Entre os anos 1960 e 1970, houve uma bifurcação no mundo da arquitetura e alguns arquitetos vivem uma espécie de foro criativo, como se dissessem: "Me deixem ser gênio. Sou talentoso. Deixem-me criar essas obras de arte, mas não me peçam para ter relação com o mundo real. Eu vou criar as regras do jogo".

Esse caminho vai dar numa certa arquitetura de impacto. Um professor de Harvard que foi muito importante para mim, um tipo do Oriente, Hashim Sarkis, dizia que arquitetura que tomou esse caminho adotou a estratégia do choque, do impacto. O preço que pagaram por isso foi serem irrelevantes. A estratégia que se seguiu à irrelevância foi o impacto.

Outro caminho que se abriu nos anos 1960 e 1970 foi o dos problemas inespecíficos: pobreza, segregação, desenvolvimento, violência. Esse discurso levou muitos arquitetos a tratar desses temas duros, que interessam à sociedade como um todo.

São problemas transversais, que poderiam ser tratados por um economista. Não é preciso ser arquiteto ou urbanista para opinar. Todos podem opinar. O problema é que os arquitetos que se dedicavam a essas questões abandonaram o projeto e os conhecimentos. Em vez de projetar, faziam "papers", informes, para organismos internacionais. Perderam a capacidade de fazer projetos. Entendem o fenômeno, mas não propõem nada.

O desafio a partir do ano 2000, quando começou o Elemental, foi cruzar conhecimento específico com problemas inespecíficos. Ocupamo-nos de problemas que interessam à sociedade em geral. Todo mundo pode opinar: o economista, o político e a senhora que não sabe ler nem escrever. Um comitê da periferia pode opinar tanto quanto um político. Usamos o conhecimento de arquitetura, o manejo estratégico da forma, o uso sintético do projeto, para tratar de problemas inespecíficos.

Você não acompanhou outros arquitetos que trabalham com habitação social?

Não, porque sou muito ignorante. Eu não tinha tempo para estudar o que fizeram outros arquitetos. No entanto, sei fazer projetos. No Elemental fomos muito rigorosos com a nossa ignorância. A imobilidade é um risco muito alto quando se enfrenta problemas em que há muita informação acumulada. Quanto se sabe muito, conhece-se tanto as consequências negativas de fazer mal alguma coisa, que você pode ficar paralisado. Por isso fazíamos perguntas estúpidas de quem não sabe nada. Muitas vezes essas perguntas bobas te levam a mover o estado das coisas.

Que tipo de pergunta boba?

Em 2001, quando estava em Harvard, havia uma política habitacional nova no Chile, que dava US$ 7.500 por unidade, para famílias que não podiam ter dívidas hipotecárias. Dava uma habitação de 36 metros quadrados.

Como era uma política nova, o mercado não sabia o que fazer. Eu tive a ideia de destinar o tempo em que estava na universidade a pensar em como fazer uma habitação melhor nessas condições. Aceitamos todas as regras do jogo: o tamanho, o valor, tudo. A pergunta que fiz em Harvard foi: qual é a melhor unidade que podemos fazer com US$ 7.500?

Começamos a fazer um exercício para cem famílias. Nunca se faz uma só casa nesses projetos. Hashim Sarkis propôs outra pergunta. Se são 100 casas, cada uma custando US$ 7.500, qual é o melhor edifício que dá para fazer com US$ 750 mil? Eu estava pensando em como fazer o melhor com US$ 7.500 multiplicando os projetos por cem.

No dia seguinte, disse aos estudantes: peguem tudo o que fizeram até agora e joguem no lixo. A questão agora era como fazer um edifício de US$ 750 mil, em que caibam cem famílias e que possa crescer. Um edifício não pode crescer, a não ser no último piso e no térreo.

Então o que vamos fazer é um edifício do qual vamos retirar todos os andares que não sejam o térreo e o último. Para cada apartamento de 36 m2, deixamos 36 m2 para a família aumentar. Com 72 m2 você tem um apartamento de classe média. Isso duplica a densidade, dá para ter duas famílias por lote. Com isso, você pode comprar terreno não na periferia, a duas horas do centro. Dá para comprar em bairro de classe média. Toda a nossa preocupação era que as casas aumentassem de valor com o tempo.

A ideia de valorização era uma estratégia para mudar a vida dos moradores?

No Chile, a política habitacional era orientada pela ideia de propriedade. O Estado financia, dá subsídio e as pessoas tornam-se proprietárias. Para uma família pobre isso significa a ajuda mais importante que ela vai receber do Estado de uma só vez. Uma casa é a garantia de valorização segura com o tempo. Minha casa, sem que eu tenha feito nada, custa o dobro do valor que paguei há sete anos. Como o solo é um recurso escasso, há valorização. A casa precisa ser um investimento, não gasto social.

O economista peruano Hernando de Sotto diz que uma casa de favela, no Rio ou em São Paulo, é um ativo caro, custa US$ 20 mil, US$ 30 mil. Ele pode ir a um banco e usar esse patrimônio como garantia para comprar um táxi, por exemplo. Se projetarmos essa casa para aumentar de valor com o tempo, ela vai poder pegar mais dinheiro no banco quando precisar. Foi o que ocorreu com a maioria dos projetos do Elemental. As casas valem o dobro do que quando foram construídas. Valorização depende muito da localização. Você só pode pagar por uma boa localização, se tem alta densidade de moradores. A equação que fizemos é a seguinte: a densidade tem de ser suficientemente alta para pagar terrenos bem localizados na cidade, em bairros que valorizem o imóvel.

No Brasil, os projetos de habitação social ficam distante das áreas valorizadas.

As famílias pobres se mudam para as cidades por uma razão muito clara: as cidades concentram oportunidades. Quando você está bem localizado, está inserido na rede de oportunidades: oportunidade de trabalho, de educação, de saúde, de transporte.

As pessoas que mais necessitam da rede de oportunidades estão excluídas dessa rede. Demoram duas horas para chegar até aonde estão concentradas as oportunidades. Temos que inserir as famílias no local que reúnem as oportunidades. Esse solo é mais caro. Para pagá-lo, a única maneira é ter uma densidade suficientemente alta para ratear o preço. O filho de uma família que mora num local assim vai poder frequentar escolas melhores do que as da periferia, hospitais melhores. E o patrimônio familiar valoriza.

Isso nos fez entender que a casa deve ser mais investimento do que gasto social.

Se não houver um projeto, isso não ocorre. A pergunta que precisa ser feita não é quantos metros quadrados terá o imóvel, mas onde ele fica. O que faz o mercado?

A classe média, em São Paulo, Santiago ou Londres, vive em imóveis de 70 a 80 m2. Quando há dinheiro, você compra casas com esse valor, com mais luxo ou menos luxo. É o grosso do mercado imobiliário do planeta. Quando não há dinheiro [para pagar esse imóvel], o que faz o mercado? Pega esse imóvel e o faz menor, com 36 m2. Faz duas coisas: diminui e isola. Isola ao comprar terreno onde ele custa bem pouco. Isso explica a periferia latinoamericana. Se tem dinheiro, compra na cidade. Se não tem, reduz o imóvel e o constrói onde o solo custa quase zero. O que fez o Elemental? Quarenta metros quadrados, em vez de uma casa pequena, podia ser a metade de uma casa boa.

Esse é o projeto de Elemental em Paraisópolis?

Originalmente era. Depois tivemos de mudar o projeto e a porcentagem de auconstrução será mínima. Os políticos não gostam da ideia de auconstrução. No Chile foi parecido. Em 2001, havia uma política nova de habitação, e 95% das licitações não tinham concorrentes. Aproveitamos essa oportunidade. Foi sorte. Havia dinheiro, pressão social, mas o mercado não sabia como fazer.

Foi quando o Elemental teve a ideia da meia casa boa?

Sim. Tem de ser boa. Não é a mesma coisa fazer uma casa pequena de 40 m2 e fazer a metade de uma casa boa também de 40 m2. A política previa 40 m2 para sala, cozinha, banheiro e dois dormitórios. Tudo ruim. Foi aí que surgiu a ideia central do Elemental: é melhor fazer meia casa boa do que uma casa ruim. Mas se você olha 40 m2 com metade de uma casa boa, a pergunta é: que metade fazemos? A resposta foi: a metade que uma família nunca vai fazer bem.

A casa precisa estar na frente do lote. Pelo menos 50% da frente do lote seria construída por nós. Tinha a estrutura para os 80 metros finais. Como tinha uma estrutura pronta, os primeiros 40 m2 custavam US$ 7.500 e os 40 m2 seguintes, US$ 1.500. Porque a estrutura é cara. Custa 70% do preço da obra. E sei que a casa não vai cair porque fui eu que a projetei. Os primeiros 40 m2 têm de ter o banheiro, a cozinha, o muro que separa do vizinho, a escada. Porque é muito pouco provável que uma família saiba fazer bem um banheiro. Não fazíamos um banheiro de 1,2 m x 1,2 m. Ficaria defasado para uma casa de 80 m2. Fazíamos banheiro de 1,5 m x 2 m. Cabe uma banheira. Como o banheiro era mais caro, teríamos de deixar de fazer algo para pagar esse banheiro.

Era uma negociação?

Sim. Sugerimos que a casa fosse entregue sem pintura. Houve 100% de aprovação. A pintura é acessória. Porém, pedimos coisas mais extremas. Pedimos às famílias que os dormitórios não tivessem acabamento em troca de um banheiro de classe média. Também houve 100% de aprovação. Tivemos que ir ao Ministério da Habitação e pedir que não cumpríssemos a lei que obrigava a entrega a casa pronta. As famílias concordavam com a troca. Quando um banco olha um banheiro assim, diz que é de uma propriedade de US$ 20 mil, não de US$ 7.500.

O projeto da Quinta Monroy era tão inovador que tivemos que fazê-lo contra a lei. Foi o momento mais difícil do projeto. Fizemos porque havia o respaldo das famílias.

Normalmente, nos movimentos sociais as pessoas querem mais coisas, não menos coisas. O ponto era ter não mais coisas, mas melhores coisas. Eles perceberam que estávamos dando coisas que custam meses de salário. Fazer metade de uma casa boa, em vez de uma casa pequena, foi de longe a mais importante reconceitualização. É o tipo de pergunta que só fazem os ignorantes. É uma pergunta boba. Os especialistas olham e riem de você.

A ideia é levar para as favelas um DNA de classe média?

Sim. É preciso levar o DNA da classe média para a favela para que a habitação se transforme em investimento e deixe de ser gasto social. O DNA de classe média é uma das cinco condições dos projetos do Elemental: 1) localização; 2) projeto do conjunto urbano; 3) 50% de frente para o lote urbano; 4) estrutura para os 80 metros finais, não para os 40 metros iniciais; 5) DNA de classe média nas partes mais complexas da casa --banheiro, cozinha e escada.

O governo brasileiro criou um dos maiores programas habitacionais do mundo, o "Minha Casa, Minha Vida", que repete o conceito de conjuntos longe das áreas mais valorizadas. Isso faz sentido hoje?

Não. As evidências mostram que há uma capacidade de investimento das próprias pessoas. Elas são capazes de construir 30, 40 m2 sem qualquer tipo de apoio estatal. Se essa capacidade informal existe, não seria melhor usá-la nas políticas públicas? Se os fundos públicos não são capazes de construir casas de boa qualidade, por que não fazer a parte que as famílias não farão bem por conta própria? O ponto é que essas pessoas não conseguem construir com qualidade, e por qualidade entendo aumentar o valor do imóvel com o tempo e fazê-lo com segurança. Essa estratégia de aproveitar as capacidades individuais gera sociedade com responsabilidade compartilhada.

O Elemental defende a construção feita pelos moradores por razões econômicas ou estratégia antiautoritária?

Defendemos por uma razão pragmática. Mas o pragmatismo tem certas direções que são muito profundas. Como não há dinheiro para fazer tudo, a personalização e a customização da casa iriam ocorrer naturalmente. Como há um projeto para a metade mais difícil da casa, dá para conduzir na direção correta os metros quadrados que serão feitos pela própria família. O espaço que eu deixo, em vez de funcionar como deterioração, vira espaço de personalização. Alguns veem isso como uma filosofia antiautoritária, mas só respondemos às evidências de como as pessoas constroem.

Não era uma preocupação do Elemental. Essa ideia de personalização pode ser aplicada às construções prefabricadas, que é a melhor maneira de fazer habitação social. A crítica que se fazia é que o prefabricado deixava tudo monótono e repetitivo.

Quando vou fazer só a metade de uma casa, quando mais repetitivo e monótono eu for, o crescimento será incerto.

Junta-se uma questão filosófica com outra pragmática e uma econômica. É socialmente desejável, economicamente eficiente e politicamente correto. Quando a família constrói a sua parte, ela terá mais responsabilidade pelo imóvel. Não é a casa que lhe deu o Estado. É a casa que ela fez.

Em todos os lugares do mundo em que os fundos públicos não podem construir todas as habitações necessárias, que é o caso de dois bilhões de pessoas, é melhor construir a parte mais difícil e deixar aberto o processo de autoconstrução, que inevitavelmente iria ocorrer.

Todas as obras do Elemental foram feitas para o Estado. O mercado não poderia adotar essa solução?

Pode. No Chile, o Estado dá um subsídio para as famílias e elas vão ao mercado buscar uma solução de moradia.

O financiamento é estatal, mas a operação imobiliária é privada. As construtoras vivem de lucro. Mas há no México um projeto que é quase puro mercado. Lá, a habitação mais barata custa US$ 35 mil e são vendidas por empresas que têm ações na Bolsa. O projeto do Elemental custa US$ 20 mil, 50% mais barato que a mais barata das moradias. Construímos em bairros em que as casas ao redor valem US$ 50 mil. É um local estratégico.

As pessoas mais pobres são as que mais necessitam viver em lugares assim. Elas são as mais pobres porque não têm renda regular. Os programas baseados em dívidas hipotecárias não atingem os mais pobres. Isso explica o grau de informalidade da América Latina: 50% no México, 40% no Brasil, 60% na Venezuela e só 5%, 10% no Chile.

O Elemental pode fazer moradia por US$ 10 mil. Por isso é tão importante encontrar mecanismos que permita focalizar os mais pobres, os que não tem salário regular.

É possível conciliar criação de vanguarda, como seus projetos nos EUA e na Alemanha, com habitação social?

Não são atividades incompatíveis. Habitação social é o que você faz quando não tem alternativa, não tem mais dinheiro. A palavra Elemental é por definição retirar tudo que não é necessário, é atender o núcleo mais irredutível de algo. Pode ser na química, num projeto financeiro ou de moradia.

O projeto que fazemos na Suíça ou Alemanha também vai no osso do problema. É como um golpe seco de espada. Não tenho oportunidade de fazer 35 pequenos cortes.

O projeto Elemental é algo desejável de se fazer sempre porque elimina o supérfluo, o arbitrário.

Me parece um desafio interessante fazer o estritamente necessário nesses projetos de alto perfil. É como escalar uma montanha com as mãos desnudas, sem equipe e sem apoio. É uma escolha.

Em habitação social, eu não tenho opção: sou obrigado a fazer isso. É melhor ter treino para fazer o estritamente necessário porque não há espaço para o supérfluo. Aqui há uma polinização cruzada entre os projetos de alto perfil, que funcionam no limite da disciplina, como uma corrida de 100 metros, e a moradia social. Precisamos desse treino do alto perfil para fazer moradia social. Se não tivéssemos feito os projetos na Alemanha, provavelmente seríamos maus criadores num projeto de 30 m2, em operações que têm de ter o máximo de efetividade. Em projetos de moradias sociais, treinamos para fazer a elementaridade das coisas, o núcleo mais duro das respostas, e levamos essa filosofia para os projetos de alto perfil. O projeto de alto perfil é um treino para a pergunta mais difícil de todas: como fazer uma moradia de 30 m2? Há uma certa tensão na escassez que me parece desejável. Aprendemos a trabalhar melhor quando fazemos projetos tão extremos.

O Brasil tem uma tradição de arquitetos comunistas Oscar Niemeyer, Lina Bo Bardi, Vilanova Artigas que praticamente não tinham propostas para a habitação social. Qual é a origem desse descompasso?

A resposta vale para a esquerda e para a direita. A discussão sobre a cidade tende a ser demasiado ideológica. São discussões ferozes sobre se a cidade dever ser compacta ou extensa, se deve ter transporte público ou automóveis. Por serem discussões ideológicas, as respostas são pouco eficientes. Há cidades extensas que são boas e cidades extensas que são ruins. É a mesma discussão sobre o tamanho do Estado. Há Estados gigantescos, como na Escandinávia, que são supereficientes, e casos de Estados gigantes que são ineficientes, como na Argentina. O que é preciso saber é em que condições uma cidade compacta é boa ou uma cidade extensa é boa.

A discussão de urbanismo, quando é ideológica, perde a oportunidade de ser rigorosa e precisa com as condições do problema. É preciso estar desnudo diante de cada problema específico.

A ideologia é equivalente a uma religião, que te dá uma certa certeza e uma certa debilidade para enfrentar os problemas. A ideologia é uma rede de segurança quando não tem tempo, disposição, força e segurança suficiente para partir da incerteza total cada vez. Não tenho religião nem fetiche com formas nem materiais.

Você já disse que a arquitetura contemporânea brasileira é muito ruim. Por quê?

Não tenho uma resposta porque não estudei o fenômeno. Mas me chama muitíssimo a atenção que, dado o tamanho e a tradição arquitetônica do Brasil, o país não tenha suficiente massa crítica de arquitetura de qualidade sendo construída.

O mercado imobiliário tem paixão pelo neoclássico.

Pelo neoclássico e pelo pós-modernismo. Não posso acreditar que no Brasil tenha havido um pós-modernismo tão forte e tão ruim. No Chile, uma das coisas boas que a ditadura fez foi nos deixar distante do resto do mundo e do pós-modernismo. Éramos também muito pobres para fazer as coisas pós-modernistas. Ficamos de certa forma protegidos por um certo isolamento intelectual e por uma certa pobreza.

Vou fazer uma especulação. Em 2008, quando estive em São Paulo, no Urban Age, fiz esse comentário com pessoas do Banco Mundial e da Universidade de Londres.

No Brasil, pode-se ouvir música brasileira quase o tempo todo. O Brasil não precisa olhar para o resto do mundo. O chileno médio sabe da cena musical de Londres ou da Holanda. A cultura chilena é suficientemente fraca para termos que olhar para fora.

No Brasil, não é necessário saber dessas coisas porque a cultura interna é muito potente. Os melhores momentos acontecem quando você está exposto à concorrência externa, quando nada está assegurado. Quanto mais concorrência, melhor.

Muitos arquitetos brasileiros criticaram o fato de Herzog e De Meuron terem sido convidados para projetar um teatro de dança em São Paulo.

Isso é pura insegurança. O Brasil tem uma cultura que pode se dar ao luxo de não olhar para o resto do mundo.

É como a Índia. O Brasil mandou nos anos 1970 e 1980 um contingente enorme de gente para estudar fora. E os anos 1970 foram o último momento poderoso da arquitetura brasileira. Provavelmente era o momento em que o país estava mais contaminado pelo mundo.

Hoje, os programas de mestrado e doutorado de arquitetura no Brasil são todos internos nas universidades. Em engenharia aeronáutica, o Brasil precisa competir com o mundo. Mas em arquitetura o país se fechou. Acontece como em "Cem Anos de Solidão" de Gabriel García Marquez: as sociedades endogâmicas produzem filhos com rabo de porco. Os termos com que se discute arquitetura no Brasil são de 20, 25 anos atrás. É muito impressionante que um país que está exposto ao mundo, de frente para o Atlântico, para a Europa, tenha uma discussão tão obsoleta em arquitetura.

A hipótese de isolamento é correta?

É um cruzamento de isolamento com autocomplacência. O modernismo frutificou no Brasil porque o modernismo europeu sonhava com climas como o brasileiro.

Não consigo entender como em milhões e milhões de metros de arquitetura imobiliária, e com o clima que o Brasil tem, tudo é fechado.

Seria mais econômico, mais eficiente e mais fácil de fazer, se a relação entre exterior e interior fosse mais fluída.

A arquitetura do Brasil parece o pós-modernismo italiano dos anos 1980. Parece que os arquitetos sonham com o clima mais frio da Europa.

O modernismo brasileiro parece que nunca se repensou.

As reinvenções culturais passam para matar os pais. No Brasil, porém, não se pode matar os pais. São os mesmos pais de sempre. O Chile tem uma vantagem: não tem pais. Qual é a grande figura do movimento moderno há no Chile? Nenhuma. No Brasil, o ciclo de matar os pais dos anos 1970 não acabou.

 
Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/768241-e-preciso-levar-o-dna-da-classe-media-para-a-favela-diz-arquiteto.shtml

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Cristiano Rolim e Ricardo Nogueira

Residência M. Figueiredo


Pavimento térreo
Pavimento superior
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Ficha Técnica:

Projeto Arquitetônico:Cristiano Rolim e Ricardo Nogueira
Data do projeto: Novembro de 2009
Maquete Eletrônica: Érico Moraes
Área Construída: 450m² ( res. em 2 planos com 4 suítes, estar, jantar, home theater, sala de vinhos e dvd,terraço gourmet, home office, cozinha e serviço completo .
Local da Obra: Cabedelo-PB
www.crn.arq.br

domingo, 1 de agosto de 2010

Impressões do Chile

Visita ao Museu de la Memória
Michel Carlos*

¡Hola! Nesse domingo fui ao Museu de la Memória (y Los Derechos Humanos) em Santiago (http://www.museodelamemoria.cl/). Projeto do escritório brasileiro Estudio América (http://www.estudioamerica.com/). Muito bem localizado, foi fácil chegar até ele. Bastou seguir na linha verde do metrô e descer na estação Quinta Normal, assim que subimos as escadas rolantes da estação (que estação!) já pudemos ver o verde aquarelado das placas metálicas da fachada.


É interessante a inserção do prédio, pois ele está rodeado por edifícios mais antigos, então torna-se realmente contrastante. A cor verde na fachada foi muito bem escolhida, atenua um pouco a sua presenca, fica suave diante do céu sempre azul da capital chilena. Os camelôs das proximidades, vendendo meias, gorros e cachecóis nos fazem lembrar que estamos na América Latina.


Num primeiro momento não se percebe os efeitos do terremoto (ocorrido no final de fevereiro), mas basta se aproximar que é possível ver que os edificios ao redor do museu estao muito danificados, há trincos assustadores, nao é preciso ser engenheiro calculista para saber que a torre da igreja pode cair e matar alguém, assim como as habitacões próximas, muitas ainda ocupadas.

Concluído pouco antes do terremoto, encontramos o edifício fechado para reparos. O simpático senhor da seguranca só nos permitiu pisar um pé no pátio, mesmo com ele do nosso lado... coisas do Chile.

Parece que a estrutura em nós irregulares e com vigas metálicas gigantes nao sofreu nenhum dano, resistiu bem e se mostrou muito flexível... esse foi o problema, o que nao estava com a estrutura vibrou em outra frequência, o forro caiu e, segundo o seguranca, antes dos primeiros reparos era possível ver o céu de dentro do museu. Janelas de vidro com folhas gigantescas se destruiram, 200 mil dolares cada, o piso se encolheu e esticou em alguns pontos, formando relevos... eu nâo vi isso... são relatos dos que trabalhavam lá. Agora parece que ja está tudo bem, vem se trabalhando a algum tempo, ainda podemos ver partes do forro que caíram, mas o museu já voltou a funcionar, fechando nos fins de semana para reparo. Assim que puder dou uma escapada para visitálo durante a semana.

¡Saludos!


*Michel Carlos é estudante de arquitetura da Universidade Federal da Paraíba e está no Chile estagiando no escritório Elemental do arquiteto Alejandro Aravena.
michelcarlos.blogspot.com
Fotos: Dina