terça-feira, 3 de maio de 2011

Recife de luto

Adeus Melânia Forest
Texto: José Wolf
Colaboração: Oliveira Júnior


Citação preferida: "aquilo que se faz por amor está sempre além do bem e do mal...." (F. Nietzche)


Ontem recebi uma triste notícia: morreu Melânia Forest.   

Conheci a Melânia, nos anos 80, na Pousada 4 Cantos, em Olinda, quando uma equipe de alunos da ex-Faupe, foi me convidar para participar de um jantar comemorativo da formatura da turma num restaurante chinês, em Recife. 

Além da Melânia, faziam parte da equipe o franciscano Luiz Augusto, as  articuladas Tereza Simis, Vera Menelau, Betânia Sampaio, a arretada Vitória Régia Andrade, que a duras penas, conseguiu organizar um dos mais belos Congressos Brasileiros de Arquitetos, o 19º CBA.   

Com astral jovem, alegre, comunicativo, ela me conquistou, principalmente, pelo seu lado místico. Ao longo do tempo, trocamos, via Correios, muitas correspondências e confidências. Suas cartas sempre chegavam num envelope azul. 

Com performance sensual e cabelos negros longos de fazer inveja a muitas princesas, ela arrematou corações de muitos arquitetos paulistas, quando veio a São Paulo para participar de uma Bienal Internacional de Arquitetura, em 92.

Confesso, porém, que deixei de conhecer melhor seu  lado profissional, que foi alimentado pela Arquitetura, pela Arqueologia e, inclusive, pela Docência.

E por falar em docência, Melania era uma professora sintonizada com o novo e bastante sensível ao trabalho dos jovens. Foi com essa percepção, que num almoço na casa de Teresa Simis e Marco Antonio Borsoi, no início dos anos 2000 , convidou  o novíssimo arquiteto paraibano Oliveira Júnior para apresentar alguns projetos aos seus alunos da FAUPE. "Nunca esqueci aquele dia em que fui à FAUPE. Havia uma aura especial naquela turma. Melania exercia um certo fascínio sobre os seus alunos. Os meninos estavam muito envolvidos e o papo sobre arquitetura fluiu de forma fantástica" (Oliveira Júnior).

Ao passar por Recife, na passagem deste ano, fui, a convite de Tereza, visitá-la. Apesar de fragilizada fisicamente, nos recebeu em seu despojado apartamento, ao lado de sua filha Renata, com alegria, a ponto de seus olhos brilharem de emoção, quando nos viu. Mas, ao nos despedirmos, ela reagiu, com humor: - Êta, visita de médico!        
      
Ao partir, ela nos deixa, enfim, como legado, uma grande lição: o da resistência e da ternura. Boa viagem, brava guerreira!   



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